sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Um estranho no ninho

Ciúmes...
Traição...

Uma coisa aparentemente implica na outra. Mas o ciúmes, ao meu ver, se limita na suspeita. A traição é uma realidade.
Engraçado como, na maioria das vezes, a traição nos pega de surpresa... O ciúmes de nada serviu para alertar. Ou seja, não estão conectados como processo... Estranho, né?

Enfim, uma vez parei para pensar... E, de novo, quem me fez entender foi minha filha. Como as crianças, por vezes, conseguem verbalizar um sentimento de um modo TÃO simples?

Um dia, abriu a porta num momento inesperado e viu um estranho no ninho.
Estupefatas, a palavra solta ocupou o vazio INFINITO entre nós.
As lágrimas...
E aí a entrega com as palavras sinceras, pausadas, coladas ao sentimento...

"mamãe, vc não pode mentir para mim. Se não, quando eu descubro a verdade, parece...
... que vc não é mais a minha mãe."

As mulheres conversam muuuuito sobre tudo, um universo muito maior do que o restrito a carros, futebol, peitos e bundas (como os XY)... Ouvindo experiências próprias, outras, constatei que no campo da traição, a decepção vem muito daí: cai no nosso colo uma face estranha do outro...

Um corpo estranho entra no nosso ninho.

Cara...

Quanto mais "pura" e sincera consideramos a relação, maior o estranhamento daquele novo Ser. Parece que desqualifica TUDO o que se viveu antes!

Mas, sabe, acho que não é bem assim...

Impossível ser a totalidade sempre! Não somos nosso total com todos. Temos sim um jeito de nos relacionar com um filho, outro com outro, outro com o amigo X, outro com a mãe... e assim vai. Somos sim uma multiplicidade de seres, e PRECISAMOS aceitar que o outro também é. Tal pessoa não é irreconhecível quando está em determinado ambiente... É outra face, e só.

Acho que o que importa, mesmo, é a vontade e o comprometimento em viver ou não a relação.
Sou comprometida nas relações que acho que valem a pena afetivamente e tento deixar isso BEM claro - ou, pelo menos, tentarei. Mas nem eu nem o outro é somente aquele que se mostra.

Ainda bem!

Será que agora dou conta do ciúmes?

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